Uma criança adulta.

Alguns dias atrás um amigo que não irei dizer o nome (mas que é o Fernando /emb) disse que meu blog parece um diário de menina de quarta série. Ao ler esse comentário, primeiro fiquei ofendida, mas logo comecei a pensar e, sim, ele tem razão.

Quando criei o blog, queria um lugar pra falar coisas aleatórias, mas que ficassem registradas. Nunca quis que ninguém lesse, nunca pensei que alguém realmente fosse perder tempo lendo.

Adiciona-se a isso o fato de eu adorar coisas fofas, adorar cor-de-rosa e ser apaixonada por contos de fadas e pronto, temos um diário de menina de primário.

Mas agora me pergunto. Que mal tem isso? Quando eu estava na quarta série, era uma menina velha. Sim, isso mesmo. Eu, com meus incríveis dez anos, onze anos lia livros como Dom Casmurro e sim, eu entedia. No vídeo (na época não existia DVD)? Drácula de Bram Stoker, Entrevista com o Vampiro e qualquer outro filme de terror. Roupas? Somente roupas sérias, nunca que eu usaria rosa. Também não gostava de brincos, muito menos maquiagem.

Lembro que certa vez, um filho de amigos dos meus pais disse "Adoro ver a Raquel falando, ela diz tudo tão certinho." Detalhe, ele tinha uns 17 anos, eu tinha 5.

Sim, eu fui uma criança adulta. Claro que eu aproveitei minha infância. Joguei War, Jogo da Vida e Banco Imobiliário. Também era fera no Atari e depois no SNES. Lia Turma da Mônica, mas também li toda a coleção de clássicos da biblioteca. Claro que brinquei com bonecas, pra ser mais exata, com bonecos: Superman, Batman, Jiraya... (todos "emprestados" do meu irmão). Também tive minhas coleções: ursinhos, carrinhos, chaveiros, papel de carta... E, é claro, tive várias agendas, todas muito parecidas com esse blog, sempre lotadas de fotos, papéis de balinhas, letras de músicas e qualquer outro lixinho que eu considerasse recordação.

O tempo passou. Eu cresci. A garota que usava shorts, boné e odiava acessórios, hoje tem cinco furos nas orelhas, nunca sai sem batom e usa rosa grande parte do tempo, além de estar se tornando adepta de saias.

Mas certas coisas não mudam. Me recuso a deixar o lado infantil morrer. Eu fui uma criança adulta... Hoje sou uma adulta criança.